Meu dinheiro não é capim!

Assuntos diversos, relacionados ou não ao motociclismo

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cros
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DSM escreveu:Pois é! Tenho um carro antigo (rural 75) e uma moto de baixa cilindrada (intruder 125), estão a venda desde o começo do ano. O carro é para um mercado muito restrito que parece que está com medo de investir e a moto, com os atuais financiamentos, só vende se for quase de graça. Confesso que se tivesse tempo, pelo menos o carro, desmanchava e vendia em pedaços.
Poxa, uma Rural não é pra desmanchar e sim arrumar e fazer sucesso nas ruas... eu que não tenho condições agora, mas ainda vou ter uma Rural ...
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cros
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13/08/2012 - 00h03 / Atualizada 13/08/2012 - 01h13

Forbes ironiza preços da Chrysler no Brasil e quem busca status em carro caro

Um jornalista da versão online da revista americana Forbes, especializada em finanças e muito conhecida por compilar listas das maiores fortunas do mundo, escreveu um artigo em que ataca o preço excessivo cobrado no Brasil por modelos da Chrysler. Especificamente, citou o Jeep Grand Cherokee, já à venda no país, e antecipou crítica ao futuro preço do Dodge Durango, que só deve ser mostrado no Salão do Automóvel de São Paulo, em outubro.

Jeep e Dodge são marcas do grupo Chrysler, hoje controlado pela Fiat.

"Alguém pode imaginar que pagar US$ 80 mil por um Jeep Grand Cherokee significa que ele vem equipado com grades folheadas a ouro e asas. Mas no Brasil esse é o preço de um básico".

É assim, em tradução literal, que começa o texto de Kenneth Rapoza, jornalista que cobre os BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China) para a Forbes. O título original é "Brazil's ridiculous $80,000 Jeep Grand Cherokee", que, vertido ao pé da letra, fica "O Jeep Grand Cherokee brasileiro de ridículos US$ 80 mil". O termo ridiculous, quando usado em frases construídas assim, serve para sublinhar o exagero daquilo a que se refere (no caso, o preço), em vez de simplesmente significar "ridículo". Mas a crítica continua duríssima.

Rapoza centra sua argumentação nos modelos da Chrysler e não comenta, por exemplo, que mesmo os carros fabricados no Brasil também são relativamente caros. O jornalista aponta os culpados de sempre pelos preços inflados (ele prevê o Durango a R$ 190 mil): impostos sobre importados e outras taxas aplicáveis a produtos industriais. "Com os R$ 179 mil que paga por um único Grand Cherokee, um brasileiro poderia comprar três, se vivesse em Miami", escreve Rapoza. O valor é o da versão Laredo; a Limited custa R$ 204,9 mil.

Mas a questão principal, para ele, é mostrar que o brasileiro que gasta esse dinheiro todo num modelo Jeep não deveria acreditar que está comprando um produto que lhe dê status. "Sorry, Brazukas" (sic), escreve Rapoza. "Não há status em comprar Toyota Corolla, Honda Civic, Jeep Cherokee ou Dodge Durango; não se deixe enganar pelo preço cobrado".

O jornalista acrescenta que "um professor de escola primária pública no Bronx [bairro de Nova York]" pode comprar um Grand Cherokee pouco rodado, enquanto no Brasil trata-se de carro de bacana. A citação de Civic e Corolla é importante porque, nos Estados Unidos, estes são considerados carros baratos, de entrada -- mas no Brasil, mesmo fabricados localmente, custam mais de R$ 60 mil (cerca de US$ 30 mil).

SE É CARO, É MELHOR
O que Kenneth Rapoza diz, no fundo, é que o consumidor brasileiro confunde preço alto com qualidade, e/ou atribui status a qualquer coisa que seja cara. O jornalista reconhece que vê esse "valor de imagem" em carros de Audi, BMW, Mercedes-Benz e grifes esportivas italianas, mas jamais em modelos do grupo Chrysler.

Essa tese é explicada exaustivamente por Rapoza nas respostas aos comentários de leitores, que, até a publicação desta reportagem, eram 88 -- muitos deles postados por pessoas usando nomes brasileiros.

Ali, o próprio Rapoza arrisca algumas palavras em português. Em seu perfil no site da Forbes, o jornalista relata que cobriu o país "pré-Lula e pós-Lula", sendo que nos últimos cinco anos trabalhou como correspondente aqui para o Wall Street Journal e a agência Dow Jones. Agora está baseado em Nova York.

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gildalfer
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Falou e disse !!!!!!!!!!!!!!

:oops: :oops: :oops: :oops: :oops: :oops: :oops:
Tio Giba
O encanto de viajar está na própria viagem (M.Quintana)
cros
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13/08/2012 - 07h00
Cuidado, seu carro pode custar o dobro

Gasolina, seguro, estacionamento, manutenção, impostos e até eventuais multas ou pedágios. Tudo isso deve ser estimado quando a ideia é comprar um carro.

Os gastos que estão embutidos no fato de ter e de usar um automóvel podem encarecer a parcela do financiamento, que, aparentemente, cabe no bolso. O resultado é estourar o orçamento.

Com base em dados estimados, a Folha simulou duas situações de compra financiada e os números mostraram que o gasto real pode ultrapassar muito a expectativa de custo mensal e anual de um carro.

Deixar de computar os gastos extras é um dos principais motivos que levam à inadimplência na aquisição de veículos, que cresceu 58% em 12 meses até junho.

Por isso, especialistas recomendam que se faça a conta do gasto real, além de considerar se o carro é realmente necessário. É preciso também verificar quanto renderia o dinheiro disponível se estivesse aplicado e se vale a pena adiar o sonho para pagar mais barato, além de considerar outras opções similares, como táxi.


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A muito tempo eu já tinha feito uma planilha com esses itens e vi que quase daria pra usar taxi (1 vez por dia), mas é preciso no minimo ir e vir... e se tivessemos transporte publico descente e que atendesse a demanda poderiamos trocar o carro pelo bus ou metro.
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cros
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13/08/2012 - 07h00
Planejamento na compra do carro evita ginástica financeira

Quando Ana Cristina Rocha, 32, decidiu comprar um carro, optou por um seminovo --mais barato do que um zero. Depois de fazer alguns cálculos, ela chegou à conclusão de que o valor mensal cabia no orçamento e assumiu as parcelas da dívida de um amigo.

Mas, ainda que a parcela coubesse no bolso, o que a analista química não levou em conta foi o conjunto de outros custos embutidos no simples fato de ter um carro.

Resultado: hoje ela e o marido precisam do carro e, para pagar as parcelas e usá-lo, têm de fazer uma verdadeira ginástica financeira.

"Hoje precisa fazer milagre. No mês que você paga uma coisa não paga a outra e no outro mês você paga aquela que não pagou", diz Ana Cristina.

Gastos com combustível, impostos, manutenção, estacionamento, seguro e até eventuais multas podem superar muito as parcelas que, aparentemente, eram compatíveis com a renda. Dependendo da rotina do dono do carro, elas podem até dobrar.

Uma estimativa: a parcela de um carro de R$ 30 mil financiado em 48 vezes com taxa de 1,5% sairia R$ 881. Mas, somados os outros custos, chega a R$ 1.331,25, fora os gastos eventuais.

Para especialistas, além dos incentivos do governo, como a redução do IPI, que diminuem o preço e aumentam o impulso para a compra, essa ausência de planejamento é um dos principais motivos da inadimplência alta na aquisição do veículo.

"Quando a gente comprou o carro, estava naquela empolgação e acabou não pensando nesses gastos. E o carro quebra de surpresa", diz.

NA PONTA DO LÁPIS

"Quando uma família põe um carro no orçamento, é como se estivesse incluindo um filho", afirma o professor da FGV Alexandre Canalini.

E, para não cair na armadilha de ter que se desfazer desse "novo integrante da família" ou ter que deixá-lo parado na garagem, a recomendação é não se deixar levar pela empolgação e colocar tudo em uma planilha.

O gasto com combustível, por exemplo, vai depender de quantos quilômetros a pessoa roda por dia e de qual combustível usa --fora alguma viagem de fim de semana. Já o seguro pode encarecer ou baratear de acordo com fatores como o local em que a pessoa mora.

Fora o custo de oportunidade, que é quanto aquele dinheiro renderia se estivesse aplicado. Nesse caso, a comparação deve ser feita com os gastos que não são financiados ou com a compra à vista.

"Ouvi uma vez esta frase: se você for comprar um carro, tenha dinheiro para comprar outro", diz o professor do Insper Otto Nogami.

"Nessas condições mais alongadas e com baixa entrada, a pessoa pode estar jogando fora outro carro. Ela pode montar uma poupança para juntar o valor à vista, quando o poder de barganha será maior", afirma.

É preciso levar em conta também que o automóvel é um item de consumo --e não um investimento-- e sofre depreciação, diz Nogami.
Além dessas contas, é importante verificar se usar outro meio de transporte, como táxi, ou alugar um carro no fim de semana pode ser mais vantajoso.

No caso do táxi, a conta deve considerar, por exemplo, o preço por quilômetro, os quilômetros rodados por dia, a bandeirada, o horário (pois a tarifa pode ser maior), o preço da hora parada e os engarrafamentos, e o próprio valor do tempo que será economizado, entre outros itens.

Considerando a simulação do carro de R$ 30 mil, o táxi é vantajoso se a pessoa percorre até 11,7 km por dia, segundo cálculo do professor Samy Dana, da FGV-Easp.

Mas, para quem já comprou o carro e ele está corroendo o orçamento, o conselho dos especialistas é: venda mesmo que haja alguma perda, porque ela se tornará maior.

Mesmo link acima.
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cros
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Por que o brasileiro não reclama?
martha mendonça e ronald freitas

Na volta para casa, na hora do rush, a barriga de nove meses da operadora de caixa Josy de Sousa Santos, de 30 anos, vai espremida entre os passageiros do metrô que liga Brasília a Ceilândia, na periferia da capital. Josy, assim como outras gestantes, mulheres com bebê no colo, idosos e pessoas com deficiência, tem direito a um assento especial em transporte público. É o que diz a Lei Federal no 10.048, em vigor desde 2000. No aperto do trem, porém, são poucas as pessoas que cedem o lugar especial à grávida. Josy não reclama. “Não peço, não gosto de incomodar nem de criar confusão”, diz. Nesse mesmo metrô, até dois anos atrás, o aposentado Antônio Alves Barbosa, de 76 anos, queixava-se quando não lhe cediam o espaço reservado para idosos. Depois que um jovem o agrediu verbalmente, desistiu de reclamar. “Ele disse que velho tinha de morrer”, afirma Barbosa.

Não se trata de um problema exclusivo do metrô de Brasília. O brasileiro não tem o hábito de protestar no cotidiano. A corrupção dos políticos, o aumento de impostos, o descaso nos hospitais, as filas imensas nos bancos e a violência diária só levam a população às ruas em circunstâncias excepcionais. Por que isso acontece? A resposta a tanta passividade pode estar em um estudo de Fábio Iglesias, doutor em Psicologia e pesquisador da Universidade de Brasília (UnB). Segundo ele, o brasileiro é protagonista do fenômeno “ignorância pluralística”, termo cunhado pela primeira vez em 1924 pelo americano Floyd Alport, pioneiro da psicologia social moderna.

“Esse comportamento ocorre quando um cidadão age de acordo com aquilo que os outros pensam, e não por aquilo que ele acha correto fazer. Essas pessoas pensam assim: se o outro não faz, por que eu vou fazer?”, diz Iglesias. O problema é que, se ninguém diz nada e conseqüentemente nada é feito, o desejo coletivo é sufocado. O brasileiro, de acordo com Iglesias, tem necessidade de pertencer a um grupo. “Ele não fala sobre si mesmo sem falar do grupo a que pertence.”

Iglesias começou sua pesquisa com filas de espera. Ele observou as reações das pessoas em bancos, cinemas e restaurantes. Quando alguém fura a fila, a maioria finge que não vê. O comportamento-padrão é cordial e pacífico. Durante dois meses, ele analisou o pico do almoço num restaurante coletivo de Brasília. Houve 57 “furadas de fila”. “Entravam como quem não quer nada, falando ao celular ou cumprimentando alguém. A reação das pessoas era olhar para o teto, fugir do olhar dos outros”, afirma. O aeroviário carioca Sandro Leal, de 29 anos, admite que não reage quando vê alguém furar a fila no banco. “Fico esperando que alguém faça alguma coisa. Ninguém quer bancar o chato”, diz.

Iglesias dá outro exemplo comum de ignorância pluralística: “Quando, na sala de aula, o professor pergunta se todos entenderam, é raro alguém levantar a mão dizendo que está com dúvidas”, afirma. Ninguém quer se destacar, ocorrendo o que se chama “difusão da responsabilidade”, o que leva à inércia.

Mesmo quem sofre uma série de prejuízos não abre a boca. É o caso da professora carioca Maria Luzia Boulier, de 58 anos. Ela já comprou uma enciclopédia em que faltava um volume; pagou compras no cartão de crédito que jamais fez; e adquiriu, pela internet, uma esteira ergométrica defeituosa. Maria Luzia reclamou apenas neste último caso. Durante alguns dias, ligou para a empresa. Não obteve resposta. Foi ao Procon, mas, depois de uma espera de 40 minutos, desistiu de dar queixa. “Sou preguiçosa. Sei que na maioria das vezes reclamar não adianta nada”, afirma.

O “não-vai-dar-em-na-da” é um discurso comum entre os “não-reclamantes”. O estudante de Artes Plásticas Solano Guedes, de 25 anos, diz que evita se envolver em qualquer situação pública. “Sou omisso, sim, como todo brasileiro. Já vi brigas na rua, gente tentando arrombar carro. Mas nunca denuncio. É uma mistura de medo e falta de credibilidade nas autoridades”, afirma.

A apatia diante de um escândalo público também é freqüente no Brasil. Nas décadas de 80 e 90, o contador brasiliense Honório Bispo saiu às ruas para lutar pelas Diretas Já e pelo impeachment do ex-presidente Fernando Collor. No mês passado, quando o plenário do Senado realizou uma sessão secreta para julgar o presidente da casa, Renan Calheiros, o contador tentou reunir alguns colegas para uma manifestação em frente ao Congresso Nacional. Poucos compareceram. Depois disso, Bispo disse que ficou desestimulado. “Os movimentos estudantis não se mobilizam mais. A UNE sumiu”, diz, referindo-se à outrora influente União Nacional dos Estudantes.

O estudo da UnB constatou que a “cultura do silêncio” também acontece em outros países. “Portugal, Espanha e parte da Itália são coletivistas como o Brasil”, afirma o psicólogo. Em nações mais individualistas, como em certos países europeus, os Estados Unidos e a vizinha Argentina, o que conta é o que cada um pensa. “As ações são baseadas na auto-referência”, diz o estudo. Nos centros de Buenos Aires e Paris, é comum ver marchas e protestos diários dos moradores. A mídia pode agir como um desencadeador de reclamações, principalmente nas situações de política pública. “Se o cidadão vê na mídia o que ele tem vontade de falar, conclui que não está isolado”, afirma o pesquisador.

O antropólogo Roberto DaMatta diz que não se pode dissociar o comportamento omisso dos brasileiros da prática do “jeitinho”. Para ele, o fato de o povo não lutar por seus direitos, em maior ou menor grau, também pode ser explicado pelas pequenas infrações que a maioria comete no dia-a-dia. “Molhar a mão” do guarda para fugir da multa, estacionar nas vagas para deficientes ou driblar o engarrafamento ao usar o acostamento das estradas são práticas comuns e fazem o brasileiro achar que não tem moral para reclamar do político corrupto. “Existe um elo entre todos esses comportamentos. Uma sociedade de rabo preso não pode ser uma sociedade de protesto”, diz o antropólogo.

O sociólogo Pedro Demo, autor do livro Cidadania Pequena s (ed. Autores Associados), diz que há baixíssimos índices de organização da sociedade civil – decorrentes, em boa parte, dos também baixos índices educacionais. Em seu livro, que tem base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o sociólogo conclui que o brasileiro até se mobiliza em algumas questões, mas não dá continuidade a elas e não vê a importância de se aprofundar. Um exemplo é o racionamento de energia ocorrido há cinco anos: rapidamente as pessoas compreenderam a necessidade de economizar. Passada a urgência, não se importaram com as razões que levaram à crise. Para o sociólogo, além de toda a conjuntura atual, há o fator histórico: a colonização portuguesa voltada para a exploração e a independência declarada de cima para baixo, por dom Pedro I, príncipe regente da metrópole. “Historicamente aprendemos a esperar que a decisão venha de fora. Ainda nos falta a noção do bem comum. Acredito que, ao longo do tempo, não tivemos lutas suficientes para formá-la”, diz Demo.

A historiadora e cientista política Isabel Lustosa, autora da biografia Dom Pedro I, um Herói sem Nenhum Caráter (ed. Companhia das Letras), acredita que os brasileiros reclamam, sim, mas têm dificuldades de levar adiante esses protestos sob a forma de organizações civis. “Nas filas ou mesas de bar, as pessoas estão falando mal dos políticos. As seções de leitores de jornais e revistas estão repletas de cartas de protesto. Mas existe uma espécie de fadiga em relação aos resultados das reclamações, especialmente no que diz respeito à política.” Segundo Isabel, quem mais sofre com a falta de condições para reclamar é a população de baixa renda. Diante da deterioração dos serviços de educação e saúde, o povo fica sem voz. “Esses serviços estão pulverizados. Seus usuários não moram em suas cercanias. A possibilidade de mobilização também se pulveriza”, diz.

Apesar das explicações diversas sobre o comportamento passivo dos brasileiros, os estudiosos concordam num ponto: nas filas de espera, nos direitos do consumidor ou na fiscalização da democracia, é preciso agir individualmente e de acordo com a própria consciência. “Isso evita a chamada espiral do silêncio”, diz o pesquisador Iglesias. O primeiro passo para a mudança é abrir a boca.

Em 1977, em plena ditadura, poucas pessoas falavam em direito do consumidor. Uma delas era o funcionário público piauiense Paulo Vinícius Basto. Naquele ano, Basto comprou um Fusca com defeito na parte elétrica. Mesmo sem o amparo de leis ou ouvidores, conseguiu fazer a Volkswagen trocá-lo por outro, ameaçando sustar o pagamento das prestações futuras. Trinta anos depois, Basto, de 55 anos, já fez 86 reclamações só no Procon do Distrito Federal. “Nunca perdi uma ação”, diz Basto, que ganhou o apelido de “Paulo Procon”. Basto tornou-se uma espécie de consultor informal de familiares e amigos no Tribunal de Contas da União, onde trabalha. “Não existe artigo do Código de Defesa do Consumidor que eu desconheça”, diz.

Paulo Procon guarda folhetos promocionais, manuais e notas fiscais. Certa vez, depois de comprar um toca-fitas, percebeu que a qualidade do som não era boa. Foi à loja tentar a substituição. Sem sucesso, fez uma reclamação por escrito, em carta registrada. Foi ignorado. Parou de pagar as prestações até o departamento jurídico da empresa convocá-lo. “Quando o advogado da empresa leu minha carta, mandou devolver o dinheiro da compra”, diz. Ele já acionou companhias aéreas, operadoras de cartão de crédito e de TV por assinatura e lojas de informática, entre outros. “Nunca quis ganhar dinheiro fácil.” Mesmo assim, recebeu R$ 37 mil de indenização depois que um banco enviou indevidamente seu nome ao cadastro de inadimplentes do Serasa.

revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,...639-6014-492,00.html
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cros
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Mãos sujas de sangue

Estamos todos sob julgamento sumário, diário e constante, no qual a sentença definitiva é dada por bandidos

ROBERTO RACHEWSKY*

Sempre que há um latrocínio, as pessoas ficam se questionando se houve reação da vítima para ter sido morta. Alguns dizem: "Mas ele morreu porque reagiu". Outros supõem: "Não tivesse reagido, teria sido poupado e estaria vivo ainda".
Quando ocorre um estupro, há os que dizem que pode ter havido provocação. "Ah, também, com aquela roupa indecente", ou "o que fazia uma menina naquele lugar naquela hora? Estava pedindo".
Se roubaram a carteira de alguém, se escuta: "Tinha que levar no bolso da frente", ou "deve ter dado sopa".

Ora, essa discussão é absolutamente irrelevante. Busca transferir a culpa do crime para a vítima. Despreza nosso direito de reagir a um ataque violento, de esboçar um não, de ir e vir por aí, mesmo que isso possa parecer insensatez.

Independentemente do tipo de ação ou reação da vítima, a responsabilidade pelo crime ocorrido é, e sempre será, do agressor que iniciou a ação violenta.

Não somos culpados quando alguém nos rouba porque ostentamos. Não somos culpados quando alguém nos estupra quando ostentamos. Não somos culpados quando alguém nos assassina se ostentamos.
Para crápulas que roubam, estupram ou assassinam, ostentamos o que não possuem, uma vida digna.
Não somos culpados quando reagimos. Há apenas dois culpados pela criminalidade, os que cometem o crime e os que não cumprem com sua função de impedi-lo pela força da polícia ou de remediá-lo pela força da Justiça.

Não se acabará com a criminalidade epidêmica, sem que se apliquem os únicos antídotos que se conhece para tal, desimpedir nossa capacidade de reação, através da garantia do direito de legítima defesa; implementar a proteção ostensiva, através da polícia bem aparelhada e treinada para enfrentar bandidos, ao invés de ser utilizada para impor regras que servem para nos tutelar; e, finalmente, aplicar a punição exemplar, pela qual as penas estabelecidas sejam cumpridas sem redução e progridam, com majorações, em caso de mau comportamento ou falta de cooperação do condenado.

Os que falam em desarmamento e se opõem à pena de morte esquecem que bandidos estão armados até os dentes e que a pena de morte já existe no Brasil. Ela vem sendo aplicada, indistintamente, a cidadãos de bem, crianças, jovens, adultos ou idosos.

Estamos todos sob julgamento sumário, diário e constante, no qual a sentença definitiva é dada por bandidos de todas as idades, e a audiência, composta pela massa passiva do Estado que, suja de sangue, levanta, justifica a perversão, vira as costas, e volta para casa para lavar as mãos.

*Conselheiro do Instituto de Estudos Empresariais e do Instituto Liberdade
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lcsm1966
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Concordo plenamente em numero, gênero e grau com essas palavras.

Tomara as coisas mudem em algum momento não muito longe.
Na vida e na moto, para manter o equilíbrio é necessário estar em movimento.
cros
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Depois de dar um trato nos espelhos de Dilma Rousseff no Palácio da Alvorada (leia mais em Troca de espelhos), chegou a vez de a Presidência da República renovar os utensílios de copa e cozinha do Planalto.

Uma licitação aberta recentemente pelo governo pretende gastar 103 000 reais com diferentes itens (a lista completa tem 39 objetos) de cozinha, como 300 garfos (10,60 reais cada), 300 facas (31,40 reais), 600 xícaras de café (7,20 reais) e… para os eventos etílicos do Planalto: 120 taças de champagne, sessenta taças de vinho Bordeaux, sessenta copos de uísque on the rocks e 720 taças de água (21,40 reais cada).

E é melhor os ministros – e convidados – tomarem cuidado para não quebrar nada: cada taça de vinho, por exemplo, sairá por 124,90 reais. As taças de champagne custarão 59,60 reais cada, e os copos de uísque, 86,40 reais.

Os utensílios vão ser usados nas solenidades do palácio e no atendimento diário aos gabinetes de Dilma e dos ministros que despacham no Planalto.

Por Lauro Jardim

Pensei muito esse fim de semana se pagava ou não 50 diumas numa frigideira com teflon...
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cros
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