Sally Halterman (Sally Robinson)

Espaço para mulheres discutirem o lado feminino do motociclismo

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cros
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Sally Halterman - a primeira mulher a tirar a carta de moto na América
Num mundo dominado pelos homens, as dificuldades foram muitas

Embora ainda maioritariamente masculino, o facto é que cada vez mais as mulheres vão ganhando espaço neste nosso mundo das motas. E hoje, a cada dia se vêem mais mulheres a conduzir grandes motos, e cada ano que passa se vão vendo mais mulheres inseridas no desporto motorizado das duas rodas. Mas para que isto acontecesse, algumas foram as que tiveram de "abrir o caminho", e superar dificuldades que nos dias de hoje nem nos ocorre que possam ter existido.

Um dos nomes que representa uma grande conquista é sem dúvida o de Sally Robinson, conhecida por Sally Halterman.

Corria o ano de 1937, e Sally Halterman era uma mulher de 27 anos, com menos de 1,50 de altura e um peso inferior a 50 quilos. Franzina físicamente mas dona de grande coragem e obstinação, tinha o sonho de obter a carta de motociclos e força e persistência para seguir o seu sonho até o concretizar.

Foi em Setembro desse ano que Sally se consagrou a primeira mulher em Washington habilitada legalmente para a condução de motociclos. Mas não sem antes ter sido obrigada a travar uma pequena "guerra" com as autoridades locais.

Desde 1928 que Sally já conduzia uma moto com quatro vezes o seu peso. Quando certo dia decidiu que queria ter a licença oficial, e embora no seu estado não houvesse nenhuma lei que proibisse as mulheres de conduzirem, o facto é que o examinador responsável por lhe passar esse documento entendia que não o deviam fazer e achou por bem submetê-la a várias dificuldades extra.
Desde alegar que a menina Robinson era demasiado nova, a alegar que era demasiado baixa, tudo parecia servir para desmoralizar a nossa aventureira. Mas Sally não se deixou intimidar e seguiu para exame teórico onde obteve um resultado positivo de 80%.
Ao contrário do que seria o normal e para a incentivar a desistir foi-lhe indicado que esse valor não era suficiente. Mas isso não funcionou com Sally que em vez de baixar os braços se inscreveu novamente no exame obtendo ainda melhores resultados.

As autoridades, decididas a que Sally não saísse dali vitoriosa, alegaram que mesmo o último resultado do exame (um excelente 92%) não era suficiente para que ela pudesse passar ao exame practico. Foi aí a nossa pequena grande mulher decidiu pedir ajuda e apresentar-se acompanhada de um advogado.

Na presença do seu representante legal, as autoridades viram-se obrigadas a ceder, e Sally pôde avançar para o tão desejado exame práctico. Mas as dificuldades não ficaram por aqui.

Chegado o momento do exame práctico, e já sem o advogado presente, o examinador alegou que não seguiria no side car que tinha sido providenciado para o efeito, pois sentia-se receoso de ser conduzido por uma mulher. A custo duma muito paciente retórica Sally lá conseguiu que o examinador desse início ao exame e que ficasse rendido pela sua condução.

A ponto de no final ele chegar mesmo a admitir que " a senhora manobra a moto tão bem como qualquer homem. O seu equilíbrio é suave e demonstra conhecer bem a máquina!". No entanto alegou que não poderia passá-la no exame pois não a tinha visto "dar ao kick".

Foi nesse momento que, como se costuma dizer, "saltou a tampa" à nossa rapariguinha de tal forma que o seu discurso foi, a partir daí, dedicado a ofender o examinador de todas as formas possíveis de imaginar.

Tendo em conta o contexto histórico, será fácil de imaginar que a franzina se tenha tomado de ainda mais coragem e tenha chamado ao examinador vários sinónimos de .. patife!
Verdade é que, na entrevista que deu ao Diário de Washington no dia seguinte, Sally termina o seu relato confesssando: "Chamei-lhe tantos nomes feios que até me senti envergonhada. Mas funcionou, e obtive a licença!"
Imediatamente a seguir a ter recebido a licença, Sally Halterman foi convidada a pertencer ao D.C. Motorcycle Club tendo sido a única mulher a quem alguma vez foi dada esta honra.

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Fonte: Sally
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